Capela de Santo António, início do século XX (Fonte: S. M.S.) |
As Taipas terão sido desde a Proto-História até a Idade
Contemporânea um local de povoamento disperso e só relativamente tarde
desenvolveram um pequeno aglomerado de habitações. Como é referido por alguns
testemunhos do século XVIII e dos inícios do século XIX, as Caldas das Taipas
eram apenas um conjunto disperso de habitações, tendo como pontos de destaque e
interesse as águas termais (depois os banhos propriamente ditos), a Ara de
Trajano e a Capela de Santo António (demolida em 1917). Possivelmente, na época em que as águas
termais foram usadas pelos romanos, as Taipas podem ter sido um ponto de
encontro de pessoas que ali procuravam cura para os seus males, fazendo também
das termas um local de sociabilidade como, na época, era prática comum[1].
Contudo, da época da ocupação romana do espaço em análise, não nos chegaram dados relativos a esta temática. Da Idade Média chegam-nos poucas notícias
sobre as Taipas e, até ao momento, nenhuma sobre as suas águas e as suas
virtudes termais.
No século XVIII, mais precisamente em 1753, as águas termais
das Taipas são recomendadas para fins terapêuticos por Frei Cristóvão dos Reis.
Já em 1758, nas Memórias Paroquiais, é-nos dito que, às referidas águas “muitas pessoas” que se achavam bem “com os ditos banhos”. Mas, no século
XVIII, o principal motivo de afluência de gente de fora às Taipas era, ao que
tudo indica, a romaria à Capela de Santo António onde, segundo as Memórias
Paroquiais de 1758 vinha “algum povo de
fora à festa”. Mais de cem anos depois, como se verá adiante, acorriam a
esta festa milhares de pessoas. Em 1819, o casamento na Capela de Santo António
do Fidalgo bracarense Gaspar de Vilhena Coutinho com D. Maria José Favorot terá
sido um acontecimento digno de nota nas Taipas e parece demonstrar que a capela
tinha alguma importância na região ou que, pelo menos, era o local de eleição
para prácticas religiosas das famílias
que possuiam propriedades nas suas imediações.
Com uma maior (embora ainda pequena) divulgação das propriedades
das águas taipenses no início do século XIX começa a verificar-se uma maior
procura das águas termais das Taipas. Possivelmente, é neste contexto que, em
1818, a Câmara de Guimarães constrói um balneário com o intuito de substituir
as barracas de madeira até então usadas pelos banhistas. Apesar deste
importante melhoramento a situação das Taipas, no que diz respeito ao
aproveitamento das suas águas termais, ficaria praticamente inalterada até à
segunda metade do século XIX.
Na segunda metade do século XIX e inícios do século XX, com
os diversos melhoramentos introduzidos nas Taipas[2]
e nos seus banhos a afluência de
banhistas conheceria o seu auge,
aumentando não só o número de família que ali acorriam nas férias e para banhos
termais, mas também o numero de actividades ali realizadas para entretenimento
das mesmas.
[1] Flores, Moacyr (org), Mundo
Greco-Romano – Arte Mitologia e Sociedade, 2 ed., Porto Alegre, EDIPUCRS, 2000.
[2]
Para além dos melhoramentos na localidade e nas termas um dos aspectos que terá contribuído para o
aumento do número de visitantes às Taipas foi uma carreira regular entre
Guimarães e as Taipas, que começou a funcionar em 1842, como se pode ler na
seguinte efeméride publicada no “Vimaranense” de 16.06.1897 “–
Efemérides – 1842: Sai para as Caldas das Taipas, pela primeira vez, o omnibus
da carreira que o alquilador Gaita estabelecera entre Guimarães e aquela
povoação. Este omnibus tinha capacidade para 10 pessoas pagando cada uma delas a quantia de 160 reis. As carreiras eram
aos domingos, terças e quintas feiras.”
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