Levada em S. Cláudio do Barco (nas imediações das Taipas).
Um dos locais escolhidos para a pesca pelos veraneantes.
Foto do início do século XX (Fonte: Col. Particular)
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Para além dos bailes e festividades já referidos,
existiam, ainda, outras formas de distracção e sociabilidade nas Taipas e nas
suas imediações. As actividades ao ar livre, como por exemplo a pesca e a caça,
ocupavam algum do tempo livre dos banhistas que, sem se afastarem em demasia da
estância termal, podiam, em pouco tempo, chegar às margens do Ave para a pesca,
ou a pequenos montes ou campos onde a caça fosse abundante. Mas uma das mais espectaculares actividades
ao ar livre ocorridas nas Taipas nos finais do século XIX foi uma corrida de
cavalos que juntou naquela localidade milhares de pessoas. Um jornal da época
noticiava desta forma o evento: “Realizaram-se
ontem como se havia anunciado as corridas de cavalos promovidas por subscrição
entre alguns cavalheiros desta cidade, do Porto e de Braga. O local escolhido
para esta diversão foi o monte denominado da Ribeira que fica a pequena
distância das Caldas das Taipas. Este sítio é realmente pitoresco, assaz espaçoso
e cremos que concentra excelentes condições para um bom hipódromo.
Enquanto, porém, este se não
construir é forçoso desculpar muitas e grandes irregularidades que ontem se
notaram, e que só poderão desaparecer quando o terreno for única e exclusivamente
preparado para este fim. (…)
As corridas começaram às 4h30 da
tarde, tendo lugar primeiramente a corrida para cavalos montados por amadores
em que era disputado um brinde oferecido pelas damas vimaranenses e que
consistia num objecto de arte. Ganhou este prémio o cavalo em que montava o Sr.
Visconde de Lindoso (Gonçalo). Na segunda corrida de trote em três provas, para
cavalos e eguas peninsulares montados por amadores, venceu o cavalo montado
pelo sr. Cardoso do Porto. O prémio era um objecto de arte oferecido pelos
banhistas das Taipas.
Na terceira ganhou o prémio o cavalo
em que montava o nosso amigo António Pereira Leite da Casa da Freiria. O prémio
consistia num objecto de arte oferecido pelas damas bracarensnes.
Na quarta corrida alcançou o prémio
oferecido pelos banhistas de Vizela o Dragão, pertencente ao nosso amigo e
conterrâneo sr. José Martins de Queiroz. Esta corrida foi, sem dúvida, a eu
maior entusiasmo causou pela perfeição e inexcedível mestria com que foi
executada. Por momentos cavaleiro e cavalo pareceram-nos impelidos por um poder
ignoto que tão depressa no-los mostrava como no-los escondia!(…) Na quinta
corrida – de cavalos e éguas nacionais – para lavradores obteve o prémio de
18000reis a égua do sr. Manuel Martins
da freguesia de Santa Eufémia de Prazins (…). Na sexta e última corrida de
cavalos também montados por lavradores ganhou o prémio de 120 reis o cavalo que montava o sr. José António Dias
do Porto.
Assim terminou este agradável
passatempo ao qual concorreram cerca de 5000 pessoas entre as quais se notavam
as distintas beldades desta terra e muitas famílias do Porto e de Braga. (…).
Assistiram os exmos. Srs. Governador Civil do Distrito e Administrador do
Concelho.”[1]
É também de referir que, em grande parte destes eventos, a
música era um elemento sempre presente. Se nos bailes a música era obrigatória,
noutros eventos ao ar livre também surgia como forma de abrilhantar a ocasião.
Os dados recolhidos fazem-nos crer que seria a Filarmónica de Sande a que teria mais preponderância em eventos
dentro de portas e ao ar livre. Esta Filarmónica acompanhava os diversos actos
religiosos mas também proporcionou espectáculos ao ar livre destinados aos
banhistas e actuou também em festas particulares.
Este tipo de divertimentos e de actividades destinadas ao
entretenimento dos banhistas foram recorrentes nas Taipas desde a segunda
metade do século XIX até aos anos trinta do século XX, isto a julgar pelos
dados recolhidos nos jornais da época. Nos final dos anos trinta, um cronista do
“Comércio de Guimarães” lamentava a decadência das termas das Taipas. No seu
artigo, intitulado “Como eu vi as Taipas”, dizia que ia “diminuindo de ano para ano a frequência das Taipas na época termal” e perguntava a que se deveria “atribuir
a falta de frequência que de ano para ano se vai acentuando de maneira tão
assustadora e sem duvida a caminho de uma morte certa e fatal para a sua vida?”[2]. Apesar
dos apelos e das questões colocadas na imprensa local a situação das termas das
Taipas não iria conhecer melhoramentos e nos anos cinquenta era dito na
imprensa local “que o estabelecimento
termal das Taipas precisa de obras urgentes e consideráveis”[3].
O período de glória das Taipas enquanto estância termal chegava, deste
modo, ao fim.
Estes sinais de decadência foram afastando os banhistas e,
consequentemente, as actividades de entretenimento e sociabilidade passaram a
estar mais ligadas à Vila das Taipas do que a eventos organizados
exclusivamente por banhistas. Durante este período houve contudo algumas
excepções e algumas figuras de renome continuaram a “ir a banhos” às Taipas,
mais pelos efeitos benéficos das suas águas do que pelo encanto (e pelo estado) do seu
estabelecimento termal... Uma dessas figuras foi o escritor Ferreira de Castro
que ali veraneou durante vários anos e que a Vila das Taipas homenageou com um
busto. Foi o último dos grandes escritores a passar pelas Taipas.
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