No folheto de que fala Padre Caldas, O GUIMARÃES FESTIVA, a festa de 1728 é descrita na íntegra. Proponho aos leitores que acompanhem esse relato (cujas partes mais interessantes tenciono transcrever) começando pela descrição do palácio onde decorreram os festejos – a Casa dos Carvalhos no Largo da Misericórdia.
“É situado o Palácio que este Fidalgo tem naquela Vila na praça da Misericórdia (...). Tem uma magnífica fachada de 200 palmos de extensão, com janelas à moda adornadas de colunas de excelente mármore e uma sumptuosa simalha povoada de ameias, hieróglifo da sua nobreza e antiguidade. Fica-lhe uma parte contígua e como cabeça deste corpo uma alta Torre de duas ordens de espaçosas janelas adornadas de colunas de excelente mármore, que a grandeza do Senhor Rei D. João III no tempo em que se fazia esta obra mandou a Gaspar de Carvalho, Senhor de Abadim e Negrelos, que foi seu Embaixador Extraordinário na Corte de Espanha, 4º avô deste Cavalheiro; as quais por dádiva de mão tão soberana, contra o gosto da moderna arquitectura, se conservam na mesma forma depois de reedificada a Torre. Esta se coroa com um zimbório guarnecido de pirâmides e ameias e é o seu remate uma figura de bronze de altura de oito para nove palmos, que empunha com a mão direita uma espada e embraça com a esquerda um escudo, representando um Anjo ou, como tutelar da Vila, ou como o símbolo do valor com que os Senhores desta Casa a sustentaram em outro tempo na obediência dos seus Reis naturais e a defenderam sempre contra a expugnação dos seus opostos.
Toda esta fachada de Palácio e Torre, não só as suas janelas mas por todo o pano da parede até o nível da rua se guarneceu de tochas de cera branca, e tão juntas umas das outras que faziam uma maravilhosa e agradável perspectiva: Imagem da misteriosa Zarça, toda a casa se via arder e não se consumia. Todo o interior do Palácio, pátio, escadas e galeria se achava da mesma forma iluminado excedendo só as tochas o número de mil. "
Imagem roubada aqui.
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