domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Monarquia do Norte em Guimarães - II


Mas perante os acontecimentos ocorridos, este é chamado, na madrugada de 20 de Janeiro, à presença do Governador Civil, o qual o informou da proclamação da monarquia, tendo Rocha dos Santos apresentado o seu pedido de demissão. Sendo-lhe negado este pedido, regressado a Guimarães, proclamou a monarquia, nos Paços do Concelho, com a presença do comandante militar e inúmeros populares, no meio de uma enorme festa.

Presidência efémera, dada a demissão de quatro dos nove membros da Comissão Administrativa comunicada na sessão de 22 de Janeiro, ficando ainda lavrado, na acta desta sessão, o apoio de Rocha do Santos à monarquia “o que por aclamação foi votado, sendo a sessão levantada com vivas à Monarquia.”.


Logo a 23 de Janeiro, tomaria posse uma nova Comissão Administrativa, nomeada pelo Governador Civil, sendo esta “conferida pelo presidente da comissão cessante [Rocha dos Santos] ”, segundo o “Gil Vicente”, perante uma repleta Praça da Oliveira que ouviu os discursos de figuras dos novos corpos administrativos locais. Em sessão do dia seguinte, José Joaquim de Oliveira Bastos seria eleito para presidir esta nova comissão, que, como primeira medida, decidiu mudar a toponímia de vários arruamentos, a começar pelo Largo da Misericórdia que retomou o seu antigo nome de Largo João Franco.


Esta restauração da Monarquia, segundo os relatos coevos do “Gil Vicente”, foi entusiasticamente recebida por Guimarães, a começar pela Associação Comercial de Guimarães e Juntas de Paróquia de São Paio e Oliveira. Nas ruas da cidade deram-se várias e participadas manifestações de apoio, a começar pela ocorrida na noite de 19 para 20 de Janeiro, várias e participadas manifestações de apoio, usualmente acompanhadas por diversas bandas musicais, organizando-se também alguns espectáculos em teatros. Das varandas as mulheres saudavam os manifestantes ou, tomando um papel mais activo, organizavam peditórios de porta em porta a favor dos combatentes.


Contudo a “Monarquia do Norte” sentindo dificuldades no campo militar, como relatava o “Gil Vicente”, ofereceria amnistia aos desertores que se apresentassem nas suas unidades.


Com estas dificuldades a “Monarquia do Norte” acabaria definitivamente, após encarniçados combates no litoral centro, com a entrada das tropas republicanas no Porto a 13 de Fevereiro de 1919. Conforme sumário relato do “Gil Vicente”, somente no dia seguinte, entrou em Guimarães, uma coluna de civis e militares que rapidamente substituíram a bandeira monárquica pela republicana nos edifícios públicos, sendo estes ocupados por “várias forças” que saíram à rua, tudo isto perante a estupefacção geral visto que “ninguém supunha vir a dar-se um desfeche desta natureza”.

(imagem: Caricatura publicada no "O Século Cómico - Suplemento humorístico de O Século" n.º 1107 de 3 de Março de 1919, onde aparece a mãe República finalmente reunida com as suas duas filhas Porto (à sua direita) Lisboa (à sua esquerda) . Imagem retirada do site da Hemeroteca Municipal de Lisboa)

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