Novembro de 1918 começou, internacionalmente, com a perspectiva do fim da 1ª Guerra Mundial. Contudo, a paz não regressou imediatamente pois, fruto das consequências desta guerra, despoletaram uma série de guerras menores e revoluções, essencialmente ocorridas nos territórios das Potências Centrais e do extinto Império Russo.
Internamente, a “República Nova”, implantada a 5 de Dezembro de 1917 devido ao descontentamento provocado pela crise social e política da “República Velha”, aproximava-se do seu primeiro aniversário e, igualmente, do seu fim abrupto com o assassinato de Sidónio País, a 14 de Dezembro, acto último de uma série de revoltas e acontecimentos contra o Sidonismo.
Perante o choque de tal acontecimento, em sessão extraordinária de 16 desse mês, a Comissão Administrativa da Câmara de Guimarães - presidida por João Rocha dos Santos - decidiu, entre outras medidas, mandar celebrar exéquias em memória de Sidónio Pais na Igreja da Oliveira, a que se associou, no luto, uma posterior conferência de homenagem efectuada no Liceu, por determinação do Ministério da Instrução, que seria longamente elogiada pelo jornal vimaranense “Gil Vicente”.
Com o fim deste período, e perante as dissensões internas entre apoiantes do Sidonismo, a que se juntava a oposição dos partidos Democrático e Evolucionista, estabeleceu-se um clima de revoltas constantes ocorridas entre Dezembro de 1918 e Janeiro de 1919, sendo estas encabeçadas por personalidades de várias sensibilidades políticas.
Em Guimarães estas clivagens tiveram reflexo nas concorridas manifestações, decorridas a 30 de Dezembro de 1918 e a 1 de Janeiro de 1919, de apoio à Junta Militar do Norte que se autoproclamaria, a 3 de Janeiro, herdeira do Sidonismo. No meio castrense, os sargentos do Infantaria 20 associavam-se aos protestos pelo assassinato de Sidónio Pais e partiam vários contingentes militares.
Com tal clima de clivagem política, estava aberta a janela de oportunidade para a tentativa de restauração da monarquia que se iniciou a 19 de Janeiro, com a constituição da portuense Junta Governativa do Reino de Portugal, encabeçada por Paiva Couceiro, sendo acompanhado, embora somente até 24 de Janeiro, por revoltosos em Lisboa. Ficava assim o país dividido entre o sul republicano e o norte monárquico, que ficou para a memória como o “Reino da Traulitânia” ou “Monarquia do Norte”.
No poder autárquico vimaranense, João Rocha dos Santos era reconduzido, em sessão de 2 de Janeiro, na presidência da Comissão Administrativa.
(imagem: Retrato de Henrique Mitchell de Paiva Couceiro, com a bandeira monárquica em pano de fundo, retirado do blogue Causa Monárquica)
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